Um dia de MERDA! Por Luiz Fernando Veríssimo

Por Chistian Reis Antunes

Aeroporto Santos Dumont, 15:30 . Senti um pequeno mal estar causado por uma cólica intestinal, mas nada que uma urinada ou uma barrigada não aliviasse Mas, atrasado para chegar ao ônibus que me levaria para o Galeão, de onde partiria o vôo para Miami, resolvi segurar as pontas . Afinal de contas são só uns 15 minutos de busão. ” Chegando lá, tenho tempo de sobra para dar aquela mijadinha esperta, tranqüilo .” O avião só sairia as 16:30.
Entrando no ônibus, sem sanitários . Senti a primeira contração e tomei consciência de que minha gravidez fecal chegara ao nono mês e que faria um parto de cócoras assim que entrasse no banheiro do aeroporto. Virei para o meu amigo que me acompanhava e, sutil, falei: “Cara, mal posso esperar para chegar na merda do aeroporto porque preciso largar um barro”
Nesse momento, senti um urubu beliscando minha cueca, mas botei a força de vontade para trabalhar e segurei a onda . O ônibus nem tinha começado a andar quando, para meu desespero, uma voz disse pelo alto falante:
“Senhoras e senhores, nossa viagem entre os dois aeroportos levará em torno de 1 hora, devido à obras na pista .” Aí o urubu ficou maluco querendo sair a qualquer custo. Fiz um esforço hercúleo para segurar o trem merda que estava para chegar na estação ânus a qualquer momento. Suava em bicas. Meu amigo percebeu e, como bom amigo que era, aproveitou para tirar um sarro. O alívio provisório veio em forma de bolhas estomacais, indicando que pelo menos por enquanto as coisas tinham se acomodado. Tentava me distrair vendo TV mas só conseguia pensar em um banheiro, não com uma privada, mas com um vaso sanitário tão branco e tão limpo que alguém poderia botar seu almoço nele . E o papel higiênico então: branco e macio, com textura e perfume e, ops, senti um volume almofadado entre meu traseiro e o assento do ônibus e percebi, consternado, que havia cagado .
Um cocô sólido e comprido daqueles que dão orgulho de pai ao seu autor. Daqueles que da vontade de ligar pros amigos e parentes e convidá-los a apreciar na privada . Tão perfeita obra, dava pra expor em uma bienal .
Mas sem dúvida, a situação tava tensa . Olhei para o meu amigo, procurando um pouco de solidariedade, e confessei sério : ” Cara, caguei.” Quando meu amigo parou de rir, uns cinco minutos depois, aconselhou – me a relaxar, pois agora estava tudo sob controle . ” Que se dane, me limpo no aeroporto ” – pensei . “Pior que isso não fico .” Mal o ônibus entrou em movimento, a cólica recomeçou forte . Arregalei os olhos, segurei-me na cadeira mas não pude evitar, e sem muita cerimônia ou anunciação, veio a segunda leva de merda . Desta vez, como uma pasta morna.
Foi merda para tudo que e lado, borrando, esquentando e melando a bunda, cueca, barra da camisa, pernas, panturrilha, calças, meias e pés . E mais uma cólica anunciando mais merda, agora líquida, das que queimam o fiofó do freguês ao sair rumo a liberdade . E depois um peido tipo bufa, que eu nem tentei segurar, afinal de contas o que era um peidinho para quem já estava todo cagado . Já o peido seguinte, foi do tipo que pesa . E me caguei pela quarta vez .
Lembrei de um amigo que certa vez estava com tanta caganeira que resolveu botar modess na cueca , mas colocou as linhas adesivas viradas para cima e quando foi tirá-lo levou metade dos pelos do rabo junto . Mas era tarde demais para tal artifício absorvente . Tinha menstruado tanta merda que nem uma bomba de cisterna poderia me ajudar a limpar a sujeirada .
Finalmente cheguei ao aeroporto e saindo apressado com passos curtinhos, supliquei ao meu amigo que apanhasse minha mala no bagageiro do ônibus e a levasse ao sanitário do aeroporto para que eu pudesse trocar de roupas.
Corri ao banheiro e entrando de boxe em boxe, constatei a falta de papel higiênico em todos os cinco . Olhei para cima e blasfemei: “Agora chega, né ?” Entrei no último, sem papel mesmo, e tirei a roupa toda para analisar minha situação (que conclui como sendo o fundo do poço ) e esperar pela minha salvação, com roupas limpinhas e cheirosinhas e com ela uma lufada de dignidade no meu dia .
Meu amigo entrou no banheiro com pressa, tinha feito o ” check-in ” e ia correndo tentar segurar o vôo . Jogou por cima do boxe o cartão de embarque e uma maleta de mão e saiu antes de qualquer protesto de minha parte . Ele tinha despachado a mala com roupas . Na mala de mão só tinha um pulôver de gola “V”. A temperatura em Miami era de aproximadamente 35 graus .
Desesperado comecei a analisar quais de minhas roupas seriam, de algum modo, aproveitáveis . Minha cueca , joguei no lixo . A camisa era história . As calças estavam deploráveis e assim como minhas meias, mudaram de cor tingidas pela merda . Meus sapatos estavam nota 3, numa escala de 1 a 10
Teria que improvisar . A invenção é mãe da necessidade, então transformei uma simples privada em uma magnifica máquina de lavar . Virei a calça do lado avesso, segurei-a pela barra, e mergulhei a parte atingida na água..
Comecei a dar descarga até que o grosso da merda se desprendeu . Estava pronto para embarcar . Saí do banheiro e atravessei o aeroporto em direção ao portão de embarque trajando sapatos sem meias, as calcas do lado avesso e molhadas da cintura ao joelho (não exatamente limpas) e o pulôver gola “V”, sem camisa . Mas caminhava com a dignidade de um lorde.
Embarquei no avião, onde todos os passageiros estavam esperando ” O RAPAZ QUE ESTAVA NO BANHEIRO” e atravessei todo o corredor até o meu assento, ao lado do meu amigo que sorria . A aeromoça aproximou-se e perguntou se precisava de algo . Eu cheguei a pensar em pedir 120 toalhinhas perfumadas para disfarçar o cheiro de fossa transbordante e uma gilete para cortar os pulsos, mas decidi não pedir: ” Nada , obrigado . Eu só queria esquecer este dia de merda !!! “
Bom gente, depois de ter recentemente aberto esse blog, ai esta aberta entao a minha primeira narrativa do mês, confesso que tendo o dia de hoje como o ícone da frustração...

Ja começando pela manhã...

Um compromisso com um cliente chato, desconfiado (isso me EMPUTECE...) e super folgado, como dizemos em francês, "il veut le beurre et l'argent du beurre...", mas teria de engoli-lo.

Pois bem, tomei um banho, olhei pra fora, estufei o peito e sai, me esquecendo de um detalhe...peguei a rodovia, e ao entrar em uma zona totalmente distante de um comércio, me dei conta de que não havia abastecido...até ai nem me preocupei tanto, pois estava indo entregar o carro pro cara

mas agora a minha preocupaçao havia aumentado, e nesse momento as preces começaram...tinha de chegar a um posto de gasolina de qualquer jeito, me sentia aliviado a cada ladeira que descia...

e o pior aconteceu...

Tinha 25 minutos pra estar la, ou entao perderia uma venda que me deixaria "na fossa" por um tempao, percebi que meu dia prometia...

liguei o pisca alerta, liguei para os meus 2 irmaos, e pra variar, sem rede (como sempre) liguei pra uma amiga, que veio me socorrer, coitada...chegando depois de uns 45 minutos correndo feito louca.

ufa...respirei aliviado, vou agora seguir o meu caminho, ja havia antes conversado com o cliente, obviamente dando uma outra desculpa qualquer.

me despedi da minha amiga, ela se foi enquanto eu terminava de amamentar meu polo. Terminado isso, desliguei o pisca alerta e...havia esquecido de outro detalhe:

deixei o farol aceso, a porta do passageiro um pouco aberta, dando luz no carro, e eu ali, tranquilamente ouvindo um metal enquanto aguardava a minha amiga...

conclusão: minha bateria foi pro brejo! voltaram as preces, mais intensas que nunca...

nessa hora minha timidez sumiu, e eu ali igual puta de estrada tentando parar alguém, e com os meus dotes consegui meu cliente, um taxista coroa q ali passava...

olhei pra ele, pro carro e pensei: sera que ele vai aguentar empurrar o carro tb? Bom, tinha de jogar com as cartas q tinha nas maos, dai falei pra ele entrar, comecei a empurrar o carro, tinha de ser na primeira, se ele falhasse era guincho

adivinhem oq aconteceu...

pra minha surpresa, deu certo, e la ia eu de novo fazendo mais preces, desta vez agradecendo, tentando limpar as maos e tirar o cheiro de gasolina para que o português la nao pensasse que o carro que estava o vendendo havia pifado.

passado tudo isso, olha eu indo junto com o cara la pra imatricular o carro, aguentando aquele mal halito horrivel por todo o trajeto, e então outro detalhe: estavamos a exatos 45 SEGUNDOS atrasados para o fechamento dos guichês!

Depois de ter feito aquela carinha que aprendi com o gato de botas, conseguimos fazer a papelada, os ultimos a serem atendidos, ja nos acrescimos, e como bom corinthiano que sou, conheço bem esse tipo de emoção.

E pra terminar o dia, pensei (depois de ficar acordado ate as 03:00hs da manha pelo fuso horario pra ver a partida)...acabou a zica, agora é so relaxar e ver o coringão massacrar os urubus e ir pras quartas...mas no fim fomos é pros quintos...não é que os caras nos eliminaram perdendo o jogo meu...


No final do dia, em meio a tanta zica,
pensei ca com os meus botões: é...dei sorte de não estar casado...
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